22 de outubro de 2010

O passado

Desesperados andam os patos, intrigados os ratos e as árvores rezam por um serrote. Anomalias dentro de um anagrama de anatomia deslumbram-se perante uma esfera de amnésia, centralizando-se num barco puxado pelos tempos vigorosos amestrados e carenciados por amores odiosos. Penso em coisas, naquelas que talvez poucos pensam, deleito-me ao sentido do luar, à estrela mais brilhante e à mais longínqua de todas. Descalço ando por este mundo, percorrendo um caminho mal traçado sem destino e amaldiçoado pelo velho inimigo do homem, fazendo de mim um ingénuo por amar, um iludido por sonhar e um triste sem fim. Por isso corajoso sou, atrás já não volto mais, tudo o que ficou no passado morreu e o que apenas me define é tudo aquilo que do passado ainda vive.

12 de outubro de 2010

Peixes na água

Um dia acordei onde já lá tu não estavas, senti-me aliviado por saber que tudo aquilo entre nós nunca existiu, espreguicei-me e voltei a tentar voltar. De repente algo forte, numa grande agitação o meu coração bombardeia-se e tenta resistir ao desafio que lhe foi subitamente imposto. Uma batalha entre corações tristes e amargurados lá estavas tu no fundo dos fundos, bem longe, o teu olhar. Toneladas de peixes na água, uma gaivota sorridente um peso dentro de um poço e uma mão vazia. Um dia adormecia onde tu…

8 de outubro de 2010

Grande chatice

Um dia vou partir até ao fim do meu limite, procurar e chegar até à meta que hei-de alcançar.
Transparência não é algo totalmente visível, é mais ilusório do que uma gota de água vinda do céu a cem milhas por hora provocando uma cratera no cérebro de pessoas pouco vivas. Procura-se gente chata, pouco descontraída, alguém que tenha muitas parvoíces na cabeça e não queira livrar-se delas para depois de algum tempo tornar-se num simples animal doméstico pela poluição que a rodeia. Pois bem, gente inteligente hoje em dia chateia, os que se acham inteligentes ainda mais e a inteligência torna-se assim numa doença muito grave! O que se pretende é gente com vontade de destruir o que os outros construíram com carinho, com vontade de partilhar toda a boa vontade de fazer o mal, e então assim sim, acabaríamos de uma vez com os que se acham superiores dos superiores de alguns menos superiores de todos os outros superiores, que são superiores. Pois bem, esta gente suicida numa mais se suicida. Mas que grande chatice pá.